Criatividade infantil: As 7 dicas de Murilo Gun e as crianças

Criatividade infantil: As 7 dicas de Murilo Gun e as crianças

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O humorista Murilo Gun ficou conhecido por suas 7 dicas de criatividade. São dicas super interessantes de como se tornar uma pessoa mais criativa. Na primeira vez que o vi falando disso fiquei encantado, porque ele de fato reuniu alguns fatores bem práticos que induzem a uma atuação mais criativa. Ele mostra claramente que a criatividade pode ser treinada, e é para todos. O que farei neste post é trazer estas 7 dicas de Murilo Gun sobre criatividade para o universo da música e da educação infantil (e além). É uma daquelas coisas que combinam perfeitamente e revelam saídas bem legais na educação das crianças. Confira!

Segue a minha “releitura” das 7 dicas de Murilo Gun: Música e criatividade infantil:

#1 – Repertório diversificado:

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O Murilo usa a palavra “repertório” mesmo fora do contexto musical. O que ele quer dizer com isso é que a criatividade é uma combinação de elementos, e quase nunca uma criação “do zero”. Ou seja, as invenções são uma combinação de conhecimentos cujo resultado atende a alguma necessidade. Construir um violão, por exemplo, exige conhecimentos avançados de marcenaria, geometria e música (eis o repertório). Há grandes luthiers (fabricantes artesanais de instrumentos) que fazem inovações importantes porque conhecem bem as dificuldades dos músicos.

Nós podemos enriquecer nosso repertório de conhecimentos, nos permitindo ter contato com coisas que “não nos interessam” a priori, ao admitirmos que, mesmo não estando nas nossas prioridades, tais coisas não deixam de ter relevância. (Murilo Gun conta que lê a revista Capricho no avião, por exemplo, justamente por ser algo diferente dos interesses dele, o que o ajuda a criar materiais mais surpreendentes para seus shows).

Isso nos torna mais abertos e gera conexões possíveis com aquilo que mais nos identificamos. No caso da música, considero extremamente benéfico que as crianças sejam expostas a diferentes estilos, mesmo aqueles com os quais nós, pais, não nos sentimos tão à vontade. É claro que não estou falando de músicas com letras obcenas, estas ficam de fora definitivamente.

Uma forma de colocar isto em prática é habituar as crianças a ouvir rádio, onde a programação não podemos controlar. Ou buscar conhecer diferentes artistas, que consideremos de bom nível, em estilos diversos. É um desafio, pois nem sempre nos damos conta do quanto somos seletivos, e estamos sujeitos a nos fechar para o novo. Mas fazer isso é um bom jeito de ensinar (e aprender) a não ter preconceito com o diferente…

#2 – Processamento inconsciente:

brincando-com-tinta-criatividade-infantilPensamento inconsciente é aquele que temos ao fazermos atividades onde não estamos nem um pouco preocupados com resultados. É o lazer, a diversão, a descontração. Todos nós tivemos alguma experiência em que, bem na hora de descanso, encontramos a solução para algum problema pendente. Este é o “processamento inconsciente”.

Atividades com a música têm um enorme poder de descortinar o inconsciente. Estudando violão, já tive inúmeras experiências em que lembranças, aparentemente esquecidas, vinham à tona sem que eu escolhesse. Questões pessoais ou profissionais, nas quais alguma compreensão que antes passara desapercebida se tornava evidente.

O mesmo é possível simplesmente escutando música. Mas que fique claro. Não adianta escutar música esperando esse resultado. Se não já deixou de ser natural.

#3 – Transformar situações em charadas

Interrogacao-criatividade-infantilPerguntas como “qual é a semelhança” e “qual é a diferença” possuem um poder de revelar coisas interessantes. Transforma simples questionamentos em charadas.

Um exemplo clássico de charada (bobinha) deste tipo:

  • Você sabe qual a diferença entre a lagoa e a padaria? Na lagoa há sapinho, e na padaria, assa pão.

O poder de perguntar “qual é a diferença” ou “qual é a semelhança” é que podemos encontrar (e inventar) diversas respostas. E aí é que mora a criatividade.

No caso da música, ao perguntar “qual é a diferença entre esta e aquela música”, teremos percepções bem distintas, como já vi em alunos meus. Exemplos de respostas:

  • Mais rápido
  • Mais “alta”
  • Mais alegre
  • Mais bonita
  • Parece música de circo
  • Tem voz de crianças

… entre outras tantas.

Em cada uma destas respostas há um grau de maturidade na percepção. Mas todas estão corretas sob algum aspecto. Fazer este exercício é o que chamamos de “apreciação musical” na educação musical formal. É bem instrutivo e descontraído.

O ato de comparar é uma forma de potencializar a atenção, a percepção, aumenta o vocabulário e trabalha a criatividade.

#4- Pensamento não linear

Brainstorm-criatividade-infantilO pensamento não linear é aquele onde existe divergência, liberdade para errar, e onde não há um resultado esperado.

Percebo o pensamento não linear das crianças quando coloco um violão no colo delas e vejo que o que mais querem naquele momento é experimentar. Tocar sem  restrições, e sem instruções.

Isso quer dizer simplesmente: Deixe a criança ser, e não procure entender. Querer enquadrar o pensamento é uma forma de restringir a criatividade infantil. Neste caso, basta não atrapalhar.

É importante, quando somos pais ou professores, fazermos o exercício de reaprender a brincar. A importância de brincar com as crianças é que nos colocamos no mesmo nível da criança, não somos instrutores. Em alguns momentos isso é fundamental. Mas que fique claro: Pai e mãe é quem manda. Saber se colocar no mesmo nível do filho também é sinal de superioridade.

No caso da música, o negócio é deixar criatividade infantil comandar. Hoje mesmo minha sobrinha de 4 anos pegou o violão e tocou várias músicas criadas por ela na hora. Era só eu pedir, que ela inventava e tocava na hora:

– Toque a música do pente de cabelo!

– Toque a música da piscina!

– Toque a música da Rapunzel!

O que importa é falar de coisas que estão no universo da criança. A criatividade infantil funciona da melhor forma possível: Espontaneamente.

#5- Treinar criatividade: resolver problemas que não são seus

Resolver-problemas-criatividade-infantilVejamos um exemplo hipotético: Ao voltar para casa eu vejo um caminhão de carga virado e atravessado no meio da rua, com a carga toda esparramada na via e o trânsito bloqueado, em plena hora do rush…

Eu sei que existem órgãos e profissionais especialmente designados para resolver tal situação, como a polícia, os bombeiros e o órgão de trânsito. Mas enquanto estou ali, obrigado a esperar a liberação, começo a me questionar: O que eu faria para resolver esta situação da melhor maneira possível?

Alguns podem dizer: Mas que perda de tempo!

Porém é um exercício. Afinal, da mesma forma, ninguém vai para a academia porque precisa tirar um ferro do chão 20 vezes seguidas. O faz porque quer fortalecer a musculatura. Exercitar a criatividade é a mesma coisa.

Tendo esta reflexão em mente, podemos exercitar a criatividade de crianças através da música, através de perguntas, como:

  • Que instrumento você colocaria nessa música?
  • Se tirarmos a voz, qual instrumento você acha que poderíamos colocar no lugar?
  • Se ficasse sem a bateria, o que você colocaria no lugar?

Fazer isso é uma excelente forma de dar repertório e vocabulário às crianças afinal, ao nomearmos as coisas nos tornamos conscientes delas.

#6- Resolver o problema certo (pensamento lateral)

Afeto-criatividade-infantilNo caso da educação de filhos o pensamento lateral é de fundamental importância. Mas o que é o pensamento lateral?

É quando fugimos da resposta óbvia para um determinado problema. Crianças trazem problemas constantemente, onde a reclamação pressupõe uma solução. O desafio é saber ver onde realmente está a solução.

Exemplo: A criança que diz: Não gosto de tocar piano! Para esta reclamação, a solução óbvia seria tirar a criança da aula de piano. Mas o que na maioria dos casos ocorre é que a criança está achando difícil, mas não sabe nomear esta dificuldade, ou algumas vezes ela sente que não recebe “gratificações” por tocar o instrumento. São os parabéns por parte dos pais ou do professor, o que a deixa desmotivada.

Há inúmeras outras situações onde isto pode ocorrer: Uma menina que pede bala, muitas vezes aceitará uma fruta que gosta no lugar. Uma criança que pede pra ir ao parque em um horário complicado, pode se satisfazer com um simples passeio pela rua. Uma criança que pede o brinquedo só porque está na mão de outra criança, pode ser distraída com uma história sobre um menino pobre que não tem nenhum brinquedo, ou… um banho! (são infinitos exemplos).

O mais importante é sabermos que as crianças ainda não sabem nomear seus sentimentos. Cabe aos pais, conhecendo bem os seus próprios filhos, decifrar as melhores soluções para questões tão quotidianas.

#7- Humor

Por fim acredito, assim como o humorista Murilo Gun, no poder do humor. Quando se trata de crianças este recurso é fabuloso.

Aqui em casa gosto muito de cantar coisas inventadas na hora (confesso que eu teria vergonha de fazer em público). Quando as meninas nasceram fiz uma musiquinha assim:

“Ela tem uma orelinha vermelinha

E a outra é bem amassadinha

Ela tem dois “bochechão”

E um queixinho no meio da papada

A boquinha e a testinha da mamãe

Os olhinhos são do papai

O nariz todo mundo tá brigando

Pra saber de quem que é…”

Mas saiba que esta é uma “composição bem elaborada”, comparada com o que é possível fazer no dia a dia, que basicamente consiste em cantar ou fazer performances com as crianças.

Eu não sei se eu sou bobo acima da média mas sei que também precisei aprender a brincar. Nem sempre fui muito “jeitoso”, como dizem, com crianças. Aprendi o prazer de brincar na prática mesmo. E o legal é que se tem alguma coisa que se pode aprender nesse campo é a deixar o orgulho de lado e simplesmente se permitir brincar.

É tão fácil que é difícil! :Caminho do Meio

E ai? Hora de por a mão na massa e começar a aplicar essas dicas, fico muito feliz que minhas experiências e aprendizados como pai possam ajudar outras pessoas a se relacionarem melhor com os filhos.

Deixo de bônus pra você uma música pra te inspirar: É tão fácil que é difícil…

Compartilhe comigo e com outros pais como foi sua experiência executando essas dicas, é só deixar um comentário aqui embaixo.

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