Leitura musical no violão em 5 passos para crianças

Leitura musical no violão em 5 passos para crianças

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A leitura musical no violão é assunto central quando se trabalha o instrumento com crianças ou adultos. O violão é conhecido como um instrumento de difícil leitura. Já vi muita gente dizer que “violonistas não sabem ler”. Mas a leitura musical no violão precisa ser abordada de maneira apropriada. Ainda mais com crianças. Eu trabalho com crianças há muitos anos e desenvolvi um caminho para ensinar a leitura, que apresento para você aqui.  Leia abaixo quais são os 5 passos que eu utilizo para ensinar a leitura musical no violão aos meus alunos.

Os 5 passos, ou tipos de leitura musical no violão são:

1 – Leitura Auditiva;

2 – Leitura Gráfica;

3 – Leitura Espacial;

4 – Leitura relativa;

5 – Leitura Absoluta.

Vamos a cada um deles:

1 – Leitura musical no violão AUDITIVA:

leitura-musical-orelhaA leitura auditiva, no senso comum não seria considerada como leitura. Mas no contexto que estou apresentando é leitura. No sentido de que a imitação e uso de palavras para apreensão de ritmos, não passam pela leitura de um texto escrito, mas ainda assim configuram uma apreensão de símbolos que são transformados em outros símbolos.

Eu considero este o ponto central de tudo. Compreender, antes de tudo, que a leitura é a decodificação de símbolos em outros símbolos, levando a compreensões individuais.

1.1 – Uso da palavra: Quando usamos palavras para ensinar ritmos, estamos usando símbolos que o aluno já domina (palavras), para transpor a símbolos que estamos lhe ensinando (ritmo musical).

Enquanto a palavra é concreta, o ritmo é abstrato. No primeiro momento vivenciamos assim. A palavra então, empresta seu lado concreto ao próprio ritmo musical. Quando o aluno aprende assim, o ritmo passa a ter vida própria.

Mais importante que entender a simplicidade deste processo, é entender que este é um processo de leitura, pois um símbolo empresta seu lado concreto a outro símbolo.

1.2 – Uso da imitação: A imitação é leitura também, pois o aluno transpõe um estímulo auditivo para um movimento no seu instrumento. É fundamental que o professor de música, no caso, de violão, entenda bem a co-relação entre o movimento, o som, e a escrita deste som.

A imitação é apenas o uso do mesmo recurso usado ao se ensinar uma língua. Primeiro a fala e o ouvido, para depois introduzir a escrita.

2 – Leitura Musical no Violão GRÁFICA:

O objetivo da leitura gráfica é usar símbolos que representam durações e alturas, porém de forma diferente da tradicional.

Eu uso tracinhos assim:

Há também quem use quadrados assim:

Cada um pode usar o que for mais conveniente. Mas o importante é que seja algo que se aproxime da compreensão do aluno. Algo concreto como os exemplos acima.

A leitura Gráfica está intimamente ligada ao aspecto da imitação, pois ela se vale de 1, 2 ou 3 notas apenas. E antes de começar a leitura propriamente dita a imitação deve ser usada para fortalecer os princípios técnicos das duas mãos.

Ao fazer o jogo de imitação, você verá que seu aluno estará com “tudo em cima” para começar a leitura. Nesse momento ele(a) já não precisa ficar olhando para as mãos o tempo todo. Por isso, é importante que as poucas notas escolhidas para cada exercício sejam próximas e fáceis.

A leitura gráfica será um prato cheio também para se trabalhar o canto. Eu gosto de usar melodias de 4 compassos, com uma letra e apenas 2 notas (uma presa e uma solta no violão). É exatamente o caso da música Nova Iorque que você vê acima, e pode ouvir nesse link: Nova Iorque(Amigo Violão – Ricardo Novais).

Este é um assunto que merece mais detalhamento, e por isso farei um vídeo apenas para explicar este tópico.

3 – Leitura Musical no Violão ESPACIAL:

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No caso do violão, a leitura espacial é a tablatura. A tablatura representa as cordas do violão (ex. imagem ao lado), e exerce um papel importante na didática, para que o aluno conheça melhor o seu instrumento. Há tablaturas de outros instrumentos também, e cada professor deve buscar maneiras de exercitar a visão espacial de seus alunos.

Procuro simplificar o processo separando por etapas. A tablatura representa cordas (linhas) e casas (números). Adicionalmente podemos colocar números de dedos e ritmos.

O que eu faço é iniciar com apenas uma corda (ex. imagem ao lado). Desta forma o aluno passeia pelo braço do violão com facilidade, sem confundir cordas e casas. Este momento é oportuno para ensinar melodias que usam de 1 a 3 dedos, bem simples. Também é bom para ensinar e leitura ritmos básicos , como semínima e mínima. Dividir as músicas em compassos e colocar os ritmos é algo que torna a aprendizagem mais rica.

Mas é fundamental que as músicas sejam:

  1. Fáceis a ponto de você poder ser exigente com seu aluno;
  2. Bonitas, o que se consegue quando você cria acompanhamentos criativos para tocar em duo com seu aluno. Ouça um exemplo disso:  Lembranças (Amigo Violão – Ricardo Novais)

Quando sabemos ler uma tablatura, ganhamos um maior grau de independência no instrumento. No caso do violão, o aluno já pode usar o braço inteiro do instrumento, antes de saber ler sequer uma nota na partitura. E já pode aprender algumas músicas sozinho.

Além disso, se estamos seguindo os passos da leitura auditiva e da leitura gráfica, este aluno já possui alguns conhecimentos que o levarão ao próximo nível.

Muitos professores, que se valem apenas da partitura para ensinar o violão, perdem essa oportunidade, e seus alunos ficam limitados ao que sabem ler, tocando apenas poucas notas nas primeiras casas.

4 – Leitura Musical no violão RELATIVA:

A leitura relativa é quando as notas não tem alturas predefinidas. Podemos escolher onde está o dó e partir dali. É perfeito para ensinar intervalos e dar tempo para que o aluno se acostume com o instrumento e com a partitura. A dividi em 3 tópicos:

4.1. Leitura Relativa Gráfica: Eu inicio a leitura relativa com uma escrita gráfica (como os tracinhos da leitura gráfica), para treinar a compreensão do movimento sonoro, sendo que quando sobe e desce o dedo deve ser movido uma casa por vez. Para alunos a partir de 7 anos é uma excelente estratégia. Veja um exemplo:

Montanha Russa

Existem algumas estratégias fantásticas que tornam a atividade da Montanha Russa, além de super eficaz no ensino da leitura, algo que os alunos realmente adoram fazer. Já experimentei muitas vezes, e esta atividade cobre desde a percepção e leitura do movimento sonoro simples até a leitura de uma escala completa com tons e semitons (escala diatônica). Por ser muito conteúdo, deixarei para explicar em outro momento.

4.2. Leitura Relativa no Pentagrama: Esta leitura relativa consiste em escrever notas em um pentagrama e não fixar o lugar das notas, treinando mais a leitura dos intervalos. Na partitura abaixo, por exemplo, a primeira nota é o Mi. Mas podemos, num exercício de leitura relativa chamá-la de Dó, ou Fá, por exemplo. E podemos escolher livremente onde esta nota será tocada no violão. Assim, treinamos o conhecimento do braço do violão. Podemos escolher ler apenas em uma corda, ou deixando a mão parada em uma posição e encontrando as notas em cordas diferentes. São diferentes abordagens que não seria possível detalhar neste pequeno espaço.

leitura-musical-melodia

4.3. Leitura relativa usando o Bigrama: O Bigrama (imagem abaixo) é um sistema de duas linhas, ideal para introduzir o conhecimento das linhas e espaços de uma partitura. Desta forma simplificada o professor pode trabalhar com poucas notas e ainda assim obter um ótimo resultado didático. Este é um recurso ao qual podemos recorrer quando notamos uma dificuldade ao reconhecer o movimento melódico no pentagrama, ou ao iniciar a leitura relativa, logo após o jogo da Montanha Russa. Eu uso o Bigrama junto com a Montanha Russa, fazendo essa transição para chegar ao pentagrama completo.

leitura-musical-bigrama

5 – Leitura Musical no Violão ABSOLUTA:

A leitura absoluta é a leitura de uma partitura em si. Muitos professores começam aqui. E sabemos que são pouquíssimos os alunos que respondem bem a isso. Uma vez que este post é uma pincelada geral sobre o tema da leitura musical, não entrarei muito a fundo no tema da leitura absoluta uma vez que é algo que já possui fartas fontes e que todos nós já conhecemos.

Mas ainda assim, quero salientar a importância, mesmo neste ponto, de se trabalhar com melodias simples de poucas notas e crescer de forma gradativa a complexidade. O aluno deve evoluir tecnicamente no instrumento em paralelo e proporcionalmente à sua capacidade de leitura.

É normal ensinar uma ou outra música mais difícil pelo prazer do aluno, mesmo que essa música ainda não seja muito fácil para ele ler. Mas o ideal é ter repertórios que ele consiga de fato ler. Assim, ele não perderá o que aprendeu, podendo reler quando quiser, e terá uma evolução sólida.

O livro “Curso de Violão para Crianças” cobre repertório que utiliza escrita gráfica e espacial. Considero que são as principais bases, e que diferenciam este método de outros mais tradicionais, para crianças. As escritas gráfica e espacial são responsáveis por uma vivência musical sem bloqueios através do violão.

Conclusão:

Ensinar a leitura no violão para crianças é mais do que uma tarefa, mas um meio por onde ensinar música. Os diferentes registros servem a este propósito.

Para muitos alunos eu nem mesmo chego a ensinar como ler uma partitura. É que não vejo um motivo real para isso. Acredito que devemos ter, sim uma postura crítica quanto ao que é de fato necessário para cada aluno.

Deixe abaixo seus comentários, perguntas, críticas e sugestões. Será um prazer interagir com você!

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